Saúde mental: você sabe como abordar o tema em sua empresa?

Estigma social e falta de conhecimento ainda são os principais inimigos no diagnóstico precoce e no tratamento da saúde mental nas empresas e no conjunto da sociedade. Cercados por tabus e incompreensões, os transtornos psicológicos são patologias e devem ser observadas com o mesmo cuidado e presteza que dedicamos aos males físicos, como hipertensão e diabetes, entre outros. Infelizmente, as barreiras negativas, em grande parte das ocasiões, dificultam, atrasam ou até mesmo impedem a abordagem e o acompanhamento adequado dos casos.

Apesar da ampla divulgação sobre o assunto durante a pandemia, a RHMED|RHVIDA percebe que ainda há muito a ser feito e tem dedicado atenção especial à saúde mental. A disseminação da Covid-19, doença cercada de tantas dúvidas, gerou angústias, medos, sentimentos de tristeza, luto e solidão, principalmente em razão do isolamento social forçado.

RHMED|RHVIDA percebe crescente interesse sobre o tema

Segundo Ana Gabriela Medeiros, médica do Trabalho da equipe de Inovação e Atenção Primária da RHMED|RHVIDA, o impacto psicológico se deu de forma brusca, com consequências observadas de maneira imediata. “Foi inevitável que o tema viesse à discussão e passasse a ser debatido de forma mais direta. Ainda vamos sentir esses efeitos por um longo período. Daí, a necessidade e a urgência de as doenças mentais estarem entre as prioridades no contexto corporativo”, diz.

Ana consegue observar um nítido aumento do interesse das organizações em abordar o tema. De acordo com médica – com larga experiência corporativa e envolvimento em diversos projetos de saúde mental na Avon, Perfetti Van Melle, Weir Minerals Brasil e Oki Brasil –, campanhas, divulgação pela mídia e exposição de pessoas públicas que assumiram enfrentar dificuldades como depressão, ansiedade, dependência de álcool e outras drogas abriram portas para que anônimos se sentissem mais à vontade para se reconhecer nas mesmas situações e recorrer a profissionais para conversar e buscar apoio.

“A ajuda profissional é determinante, já que há necessidade de uma investigação mais detalhada e de acompanhamento permanente. O profissional deve estar despido de qualquer preconceito e devidamente preparado para lidar com assuntos delicados. É também fundamental que o atendimento e o tratamento ao paciente sejam individualizados. Por ter provocado sentimentos tão intensos e de maneira tão rápida em milhares de pessoas, a pandemia impulsionou as pessoas a procurar voluntariamente ajuda, pois rompeu aquele pensamento de “por que comigo?”, explica.

Cada vez mais as empresas têm voltado o olhar para esse aspecto. Os impactos diretos e indiretos no trabalho causados pelos transtornos mentais são nítidos. Portanto, promover um ambiente laboral saudável influencia sem qualquer dúvida na sustentabilidade do negócio.

Sabemos que um funcionário pode ser mais ou menos produtivo e engajado se levarmos em consideração seu grau de satisfação em relação à empresa, ao salário, ao relacionamento com liderança e demais colaboradores. “Buscando o bem-estar coletivo e desejando uma população de trabalhadores ‘saudáveis’ é que são traçados os planejamentos e destinados investimentos em programas de saúde integral do trabalhador, tanto mental quanto física”, completa Ana.

Ações que podem fazer a diferença na saúde mental dos colaboradores

A médica do trabalho Ana Gabriela Medeiros cita também exemplos positivos de ações que empresas podem promover para incentivar o cuidado com a saúde mental de seus trabalhadores:

– Promoção de programas sobre saúde mental que contemplem informações sobre o tema.

– Incentivo à roda de conversas/DDSs para os líderes falarem sobre as dificuldades do dia a dia e para orientá-los com informações sobre os sinais de alerta em termos de saúde mental, e os caminhos a serem seguidos para ajuda profissional.

– Favorecimento de um canal aberto com a equipe de saúde da empresa para que os empregados possam tirar suas dúvidas e compartilhar suas experiências, garantindo privacidade e sigilo para que concretize este passo fundamental do processo.

– Divulgação de materiais que ensinam técnicas de relaxamento para controle dos problemas que causam instabilidade emocional nos funcionários.

– Criação de projetos de psicoeducação preventiva, que ajudam a reverter casos de faltas recorrentes provocadas pelo presenteísmo e até minimizar o risco do envolvimento com drogas no trabalho.

– Promoção de programas antitabagismo (outras drogas e álcool).

– Oferecer rede apoio, opções de serviços de terapia (rede pública, online, plano de saúde, profissional na própria empresa).

– Fazer gestão sobre a qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores

Ana destaca ainda que apoio e suporte das famílias são essenciais para que haja sucesso nos cuidados da saúde do trabalhador. “Multiplicar o conhecimento sobre as questões emocionais é expandir os reflexos positivos do que propomos aplicar ao nosso funcionário. Materiais educativos, palestras virtuais, questionários de triagem podem ser o passo inicial para que este assunto seja abordado dentro dos lares”.